terça-feira, 9 de setembro de 2008

SIGA A SETA! Novos textos

Se eu fosse...

Se eu fosse uma cola, colaria o Céu e a Terra, para poder viver no meio dos Anjos. Quem sabe? Não, melhor não, seria muito difícil.
Se eu fosse um número, escolheria o dois, porque é um número, que nunca vive sozinho. Mas... Esquece, por que... E se ele discutir com o seu companheirinho? Isso seria muito ruim.
Se eu fosse uma fruta, seria um moranguinho, para ser pintado em vários quadros, mas... iria ficar muito parada, não?
Acho melhor, eu continuar a ser eu mesma, posso não ser perfeita, mas tenho lá minhas qualidades.

Gabriele Giandini - 7º ano - Avaré


Uma discussão tecnológica

O Playstation III, o vídeo game mais cobiçado do mundo, encontrou um velho Nintendo e disse:
- Ei! Nintendo! Você está velho e desgastado, agora eu farei todos gostarem de mim, pela minha tecnologia, é claro.
O Nintendo interrompeu:
- Eu posso estar velho e desgastado, mas eu comecei a era dos vídeo games, e você me deve isso.
O Playstation III disse:
- Te devo o quê?!
O Nintendo respondeu:
Eu, comparado a você, fui um experimento, mas que deu certo, fazendo surgir uma nova era relacionada à vídeo games de alta qualidade, com minha criação, nasceram todos antes de você, apesar de terem me esquecido eu mereço respeito.
O Playstation III finalizou:
- Ok! Desculpas! Eu vou ter mais respeito, fui um egoísta, mais tarde serei eu que estarei esquecido, não é? Desculpe-me. Até mais!
E assim, findou a discussão sobre quem é melhor que quem...

João Rafael Venâncio - 7º ano - Avaré

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ESTUDOS LITERÁRIOS


A ROSA DO POVO


Carlos Drummond de Andrade

A Rosa do Povo é um livro que pertence à segunda fase da poesia drummondiana: o poeta considera o mundo mais importante do que ele próprio porque se encontra temporalmente em meio ao sofrimento do fecho da Segunda Grande Guerra. Aparecem como inspiração as tragédias do cotidiano, os bombardeios, a pobreza e, sobretudo, o sentimento de impotência diante da violência, da desesperança e da morte.

A Rosa do Povo é um conjunto de poemas escritos em três anos (43 a 45); ao ser publicado (1945) recebeu dos críticos literários os melhores artigos e comentários. O livro está composto por 55 poemas e é a obra mais longa do poeta Carlos Drummond de Andrade e pertence à segunda fase da poesia daquele autor: eu menor que o mundo.

Que temática perpassa os poemas deste livro?


Basicamente a de impotência do homem contemporâneo frente as guerras e angústia diante dos acontecimentos; a perplexidade das criaturas e o medo da solidão. Há neles marcas fundas do que fizeram ao mundo ocidental os exércitos do terceiro Reich; Stalin já não se apresenta mais como monstro devastador, mas aquele que lutou também contra a barbárie de que o mundo estava sendo vítima. No Brasil, o Estado Novo getulista é recortado e vira versos: policialesco, insuportável, aparato grandioso de perseguições a intelectuais, autoridades, simpatizantes do socialismo ou comunismo.
É um livro engajado, crítico, intenso.

Publicado em 1945, Rosa do Povo é aclamado por inúmeros setores da crítica literária como a melhor obra de Carlos Drummond de Andrade, o maior poeta da Literatura Brasileira e um dos três mais importantes de toda a Língua Portuguesa. Antes que se comece a visão sobre esse livro, necessária se faz, no entanto, uma recapitulação das características marcantes do estilo do grande escritor mineiro.

Vai sempre se mostrar, um eu-lírico discreto ao sentir o seu círculo e o seu mundo até mesmo quando vaza críticas, muitas vezes feitas sob a perspectiva da ironia. Aliás, essa figura de linguagem é muito comum na estética do autor, pois pode ser entendida como uma forma torta de dizer as coisas. Não se deve esquecer que essa qualidade nos remete ao célebre adjetivo gauche (termo francês que significa torto, sem jeito, desajeitado), poderoso determinante da produção do autor.

Para a compreensão dessa obra, bastante útil é lembrar a data de sua publicação: 1945. Trata-se de uma época marcada por crises fenomenais, como a Segunda Guerra Mundial e, mais especificamente ao Brasil, a Ditadura Vargas. Drummond mostra-se uma antena poderosíssima que capta o sentimento, as dores, a agonia de seu tempo. Basta ler o emblemático "A Flor e a Náusea", uma das jóias mais preciosas da presente obra.

Nota-se no poema um eu-lírico mergulhado num mundo sufocante, em que tudo é igualado a mercadoria, tudo é tratado como matéria de consumo. Em meio a essa angústia, a existência corre o risco de se mostrar inútil, insignificante, o que justificaria a náusea, o mal-estar. Tudo se torna baixo, vil, marcado por "fezes, maus poemas, alucinações".