sexta-feira, 26 de setembro de 2008

OROBOROS - O CICLO DO CÍRCULO

Cada pensamento que vinha na cabeça era uma forma de trabalhar com o todo. Os barulhos que se manifestavam ao seu redor motivavam- no a escrever, o respirar, atuar.
As dúvidas que apareciam, franzia a testa, o salivar amargava, os tendões enrijeciam, a garganta arranhava, o olho fechava, a posição na cadeira incomodava. Apenas a observação alheia, os toques de teclas, os falares de alguém ao longe.

Lá fora chove.
O dia está no fim, ou quase, muito para ser feito, muito para pensar, muito de tudo aquilo que pode ser feito e talvez não seja.

Interrupção.

Celular toca, apontamentos para o fim de semana, sétimo dia, bem cedo, contando que o primeiro sempre será domingo, festa, alguém que fará parte de um todo, o qual já pertence desde que existe.
Hoje, agora, daqui a pouco, mais tarde, noite, noite, sono, outro dia... O sétimo.
Ainda não o é, será, nascerá amanhã, só amanhã de manhã. Reencontros.
Conversas, riso e choro, paradoxos, antíteses diárias, e tudo voltará ao que era, transformando o novo em velho, o presente em passado, continuamente, incessantemente.
E assim virá o primeiro dia, onde Deus começou tudo. Que deixou de ser primeiro faz tempo, pois o primeiro foi o primeiro.
O agora passa, passou, passará sempre, e transforma-se em depois, e depois, e depois, correndo, correndo, até chegar no sétimo novamente, que nem sempre será sétimo, poderá ser "vigésimo sétimo", e o círculo se fechará e se abrirá na constante inconstância do Todo.
Abre-se o olho, fecha-se o olho, até o último sono. Onde nos perderemos nele, eternamente, seja claro, escuro, frio ou quente.
E nesta caminhada onde as letras se juntam, onde os sentidos são construídos e destruídos, o eterno círculo viverá eternamente, sua eterna dúvida.

ADRIANO EMERICK

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