Um dos maiores dramaturgos do século XX, Eugen Ionescu (1909-1940), na cidade de Slatina (Sul da Romênia). Depois dos estudos em Bucareste, estabeleceu-se na França, a partir de 1938. Eugene Ionesco é, ao lado de Samuel Beckett, um dos representantes mais expressivos do chamado Teatro do Absurdo, movimento teatral de vanguarda ocorrido sobretudo na França na década de 50. Suas peças evidenciaram o desmoronamento das certezas e dos valores até então considerados fundamentais.
Depois dos volumes de versos Elegias para Seres Pequeninos e de estudos críticos Não, em língua romena, sua primeira peça foi A Cantora Careca, em 1948. Seguiram-se A Lição (1950), As Cadeiras (1951), Vítimas do Dever (1952) e Os Rinocerontes (1959), peça anticonformista e antitotalitária, aclamada pelo público e pela critica mundiais.
Seus textos, carregados de humor, sempre provocam no público a sensação de vazio e de que a socidade humana esta fadada à deterioração espiritual e à autodestruição. Durante toda a vida, Eugene Ionesco manteve o seu estilo polêmico e profundamente crítico em relação ao homem embrutecido e à solidão característica da vida moderna.
Suas peças têm algo em comum: utilizam-se de situações e personagens absolutamente convencionais que, de repente, deixam irromper, do fundo da consciência, todos os desejos e sonhos reprimidos, desnudando a hipocrisia que rege o comportamento dos indivíduos em sociedade.
Teatro do Absurdo
Considerada por muitos uma anti-forma de teatro, o Teatro do Absurdo desfragmentou e destruiu a linguagem como base do teatro, buscando o recurso da metáfora e do sentido figurado das palavras para criar situações irônicas, tornando as palavras fragmentos perdidos e isolados.
A destruição de valores e crenças, após a 2a Guerra Mundial, produz um teatro anti-realista, ilógico, que encara a linguagem como obstáculo entre os homens, condenados à solidão.
Denominando de segundo romantismo, pelo retorno à consciência privada, considera-se o teatro do absurdo como um renascimento do trágico, não a partir do terror e do sangue, mas como uma perturbação solitária e um lirismo desafinado. Logo, uma problematização do real a ser solucionada.
Mais preocupada com a realidade existencial, a ruptura absurda é individualista. As personagens aparecem mergulhadas no patético, em uma fatalidade das situações irrecuperáveis, não propriamente um destino. Mas um pessimismo indesviável as impedem de qualquer gesto de rebeldia.
Talvez por isso, seus autores optaram, freqüentemente, pela via irônica e parodística, construindo uma espécie de tragicomédia, na qual o distanciamento cômico filtra o excessivo peso dos valores negativos, enveredando pela via do humor negro. Mas não assumem integralmente a despreocupação cômica, para não se desviarem da rota de representação grave do cotidiano tragicizado, marcado por duas grandes guerras mundiais e permanentes estados bélicos; sem falar nas guerrilhas urbanas, na fragilidade do apego à vida. Sem sentido, sem razão, sem individuação, sem centro. O homem do teatro do absurdo encontra-se atado a uma obsessão do nada, a uma eterna esperança que não se sabe qual é. Desprovido de todo interesse, de toda significação, inspira o tédio e o desgosto, a angústia da condição humana.
Eugene Ionesco
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