quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Canto onde se conta Contos...

Fluxo

No parque, o andar silencioso.
A busca por um lugar no meio de todos,
Onde estar não seria ser.

Onde?
Olhar, olhares, visões, altares, bancos,
Vento, sopro, alimento.

Onde?
Andar, silencioso, pensado, centrado,
Sentado, em pé, ereto.

Onde?
Pessoas, perdões, encontrões, palavrões, silêncio...
Cada passo, cada pensamento,
Cada minuto, cada um na sua.
A música da vida, a música eterna,
A música interior, aquela.
Nada o que temer, tremer,
Nada o que tentar, girar, gritar, brincar,
Silêncio.
O parque, o baque, a volta
Revolta, solta.
A calma alma,
O ocaso por acaso.
O inerte norte,
A espera dela,
Da morte?

Anoitece.
Volta-se, envolve-se, acha-se.
Nano Moreira

Adentro

Preparando-se para agir, no estático momento da inércia total, absorvendo barulhos alheios, sons de desconhecidos, pancadas anônimas de alguns e ninguém.
Entre o silêncio e a respiração.
Nos dedos em toques contínuos, continua-se a construção daquilo que não se sabe onde vai dar, aonde acabará.
Os incessantes piscares de olhos, os movimentos incertos, os toques, os tiques, os risos, tudo acaba, tudo começa, tudo embaça.
Na vontade de mudar, sair, olhar, andar.
A vontade de não estar, abstrair, abnegar, não ficar.
Estando tudo em tudo, contudo, mudo.
O estado inaudível.
Os critérios, os mistérios, as visões, tudo.
Mudo.
Cada passo, cada um, cada qual.
Estando e não ficando, máscaras da ação, da não realização.
O silente, na movente quietude, quieta na crepitude do nada em transformação.
No quase.
Tudo, no quase.

Drico Moreira

A Ronda

Andando pelas calçadas de uma cidade semi-abandonada, onde ouvia-se o grito do vento roçando nas paredes manchadas pelo tempo.
Pouco se conseguia enxergar naquele horizonte sem perspectiva, sem luz. Onde, sabia-se, que a inexistência poderia se possível. A devastação circundava aquele ermo lugar, sem cor, sem respiração.
Naquela esperança de terminar aquele passeio sombrio, aquela ronda nefasta, o medo mesclava-se com a desolação. Ouvia somente o próprio coração bater, o seu respirar, únicos sons, companheiros, sempre presentes.
Ao terminar aquilo que poderia ser considerado como, a confirmação do não existir, do nada, mantinha sua face voltada para frente, tendo a plena certeza que aquela experiência, aquela visão, estaria sempre lá, no fundo da sua vida. Nem presente, nem futuro...Simplesmente Passado.
Adriano Emerick




Um comentário:

Juliano Ramos disse...

Olha só,se arriscando na poesia... fluxo sem consciencia...hehehehe